terça-feira, 30 de setembro de 2008

Camponeses ocupam o INCRA exigindo estrada em assentamento

Os camponeses do Assentamento Santa Maria Madalena, localizado nos municípios de Joaquim Gomes e União dos Palmares, ocupam na manhã de hoje (30/9) a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) em Alagoas.
A ocupação é um desdobramento do bloqueio da BR101 ocorrido no dia 18 de setembro de 2008, que reivindicava reforma agrária e estradas nos 13 assentamentos acompanhados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT). Os trabalhadores rurais decidiram entrar no INCRA, porque este – desde o início do ano – havia afirmado que o processo de licitação para a construção da estrada está aberto, porém, a CPT verificou que não está.
Por falta de estrada, as 68 famílias, que estão há cerca de 2 anos assentadas, não conseguem escoar sua produção. Elas temem perder as verduras e legumes produzidos na horta coletiva de um hectare que está sendo implantada. Além da dificuldade de levar os alimentos para a comercializaçã o, existem outros problemas graves, como a dificuldade de acesso à educação e saúde. Quando uma criança fica doente, pode chegar a falecer por não ter meios de ser levada ao atendimento médico. O único transporte seria o lombo de animal.
Recentemente, um garoto teve pneumonia e só pôde ser atendido porque a equipe da CPT foi de carro traçado visitar o Assentamento. O menino foi levado para Joaquim Gomes e trazido para Maceió de ambulância, onde ficou cinco dias internado.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Leite de maconha

Texto: Carlos Gutierrez
Foto: Divulgação

Durante muito tempo, oleite de soja foi uma opção para as pessoas que não gostavam ou não podiam ingerir leite animal. Mas agora no Canadá, a soja ganha um novo e forte concorrente: a maconha.
A empresa Living Harvest Helpmilk lançou três sabores de leite de maconha: chocolate, baunilha e normal. Outra companhia canadense também aposta no setor, a Manitoba Harvest Hemp, que colocou no mercado iogurtes feitos de maconha.A princípio, tal iniciativa pode parecer estranha. Mas é bom esclarecer que o leite de maconha é feito com as sementes da planta, assim como o de soja. A plantação, legalizada no Canadá, é restrita aos usos industrias da planta: fibras, alimentos, entre outros produtos. O nível de THC (substância existente na maconha que causa efeitos alucinógenos) é praticamente zero. Ou seja, o leite não contém qualquer substância que cause efeitos psicoativos. Em outras palavras, não deixará o consumidor drogado.Os benefícios do leite de maconha são a maior quantidade de proteínas, a ausência de colesterol, o alto índice de vitaminas e das gorduras ômega 3 e ômega 6, substâncias necessárias para o bom funcionamento do nosso organismo, mas encontrada em poucos alimentos. Além disso, o produto também é rico em ácido gama-linolênico que, segundo alguns cientistas, ajuda na luta contra o câncer, a tratar inflamações e estimular o sistema imunológico.

O produto já é sucesso total nos supermercados canadenses, tanto que agora o leite e o iogurte começam a ser exportados para os Estados Unidos.

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quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Um pouco sobre Agricultura Biológica

Depois de muitas décadas de intensificação agrícola, com importantes prejuízos ambientais, a agricultura biológica tenta ser uma aproximação da agricultura à ecologia recuperando técnicas tradicionais. Durante muito tempo as técnicas utilizadas respeitaram o solo, a fertilidade, a diversidade e a qualidade das produções, seleccionando e/ou domesticando variedades e raças. Face a novas tecnologias, desde o início do século XX, mas sobretudo nas últimas décadas, conseguiram-se obter produções muito elevadas com elevadas utilizações de recursos disponíveis, sem limitações nos impactos negativos deste tipo de actuação, algumas vezes irreversíveis ou de difícil recuperação, isto é, actuou-se de forma não sustentável. Com o objectivo de contrariar esta forma produtivista, surgiu uma forma de agricultura alternativa que tende a aproximar a agronomia da ecologia, recuperando técnicas e práticas tradicionais, mas tendo presente algumas das novas tecnologias. A agricultura biológica é um sistema de produção que visa a manutenção da produtividade do solo e da cultura, para proporcionar nutrientes às plantas e controlar as infestantes, parasitas e doenças, com utilização preferencial de rotações de culturas, adição de sub-produtos agrícolas, estrumes, leguminosas, detritos orgânicos, rochas ou minerais triturados e controlo biológico de pragas, evitando-se assim o uso de fertilizantes e pesticidas de síntese química, reguladores de crescimento e aditivos nas rações.

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quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Quarta Frota

Por Gilson Caroni Filho, da Agência Carta Maior

Ao anunciar a reativação da Quarta Frota, desativada há 58 anos, para "patrulhar os mares da América Latina", a marinha estadunidense encena, em versão farsesca, a sina do capitão magistralmente criado por Wilhelm Richard Wagner, em 1841.
A diferença é que se o "Holandês voador" navegava eternamente por conta de maldição que só um amor redimiria, o que move os militares norte-americanos - e seus "navios fantasmas" - é a necessidade de retomar o controle de uma região que, por décadas, foi seu quintal seguro. A nova constelação governos latino-americanos que, assumindo posições contrárias às do governo dos Estados Unidos, opõe-se à concessão de bases para as forças militares do Império, é o mar revolto a ser vencido. Se o personagem wagneriano tinha em "Senta" sua possibilidade de redenção, ao governo americano resta apenas Uribe como promessa de rendição.
Convém atentar para o que disse Alejandro Sánchez, funcionário de organismo de investigação do governo Bush: "Nos últimos anos os Estados Unidos se concentraram no Iraque e Afeganistão. Agora estão tentando voltar para a América Latina". Nesse ponto, um breve retorno a 2003 é indispensável.
O que movia o cenário internacional podia, sem riscos de reducionismo, ser descrito em poucas linhas. O maior império da história, governado por uma "junta" oriunda do segmento petrolífero, precisava desesperadamente invadir o Iraque, ex-aliado no Oriente Médio, para se apossar de uma reserva estimada em 112 bilhões de barris. Às voltas com um crescente déficit público e uma produção doméstica de combustível que correspondia a 50% do consumo interno, ao governo americano parecia não haver outra alternativa que não fosse o uso de sua inconteste supremacia militar. Os objetivos eram claros: "ouro negro" e controle político do Oriente Médio.
A barbárie se anunciava com o mais portentoso apoio midiático de que se tem conhecimento. Das páginas do Washington Post ao jornalismo de campanha da Fox o que se vislumbrava era a disfuncionalidade da ONU como instância de regulação internacional. Os editoriais eram a crônica de uma guerra inevitável.
Tendo chegado ao poder em eleições marcadas por fortes evidências de fraude, George W. Bush, apoiado pela direita fundamentalista americana, é a expressão acabada de uma superpotência que, enfraquecida como projeto hegemônico, busca manter a supremacia pela truculência bélica e a chantagem econômica. Unilateralismo na política externa e a elisão de direitos civis são as duas faces da mesma moeda.
A chamada Lei Patriota, que criou o Departamento de Segurança Interna, deu à nova agência poderes para monitorar desde a ficha médica aos e-mails de pessoas contrárias à política governamental. A CIA não tem mais qualquer restrição legal para assassinar, em qualquer país, indivíduos que possam ser classificados como terroristas. Política expansionista e Estado policial são a marca distintiva dos Estados Unidos desde o fim da Guerra Fria. Ante-sala do horror contemporâneo, a cruzada americana teve em seu aparelho propagandístico o pânico interno como dispositivo para construção do consenso.
O papel dos órgãos de imprensa, a maior parte controlados por grandes corporações, foi decisivo para a empreitada da política imperialista americana. Legitimaram, como nunca, a aventura no Oriente Médio. Não agem diferente no recorte simbólico dado às principais lideranças latino-americanas.
Sua maior colaboração residiu, como ainda reside, na capacidade de transformar em evento o que é processo, tirando da história qualquer possibilidade de apreensão dialética. Operam em restrita lógica binária, usando, para potencializar sua eficácia , o que Ignacio Ramonet classificou como "fascínio pelo espetáculo do evento". Enquanto os jornalões brasileiros dão pouco destaque à nova ameaça, as forças navais estadunidenses preparam-se para, a partir de 1º de julho, "supervisionar as tarefas de suas unidades na América Latina e no Caribe."
É o momento de amplificar o alerta de Socorro Gomes, presidente do Conselho Mundial da Paz:"O anúncio da recriação da Quarta Frota norte-americana, destinada a realizar missões navais agressivas nas regiões do Caribe, América Central e América do Sul é uma grave ameaça à paz, à segurança e à soberania de todos os povos e nações da América Latina.
Recentemente, ao respaldar a ação militar da Colômbia em território equatoriano, o governo estadunidense intentou dar vigência em nosso continente aos pressupostos da guerra preventiva, uma doutrina fascista a serviço do terrorismo de Estado". O que os Estados Unidos anunciam é o fomento à militarização do continente, a corrida armamentista e a ameaça nuclear.
Para lidar com isso, além da vontade política das forças progressistas da região, é necessário restabelecer a agenda de uma nova ordem informativa como possibilidade contra-hegemônica. Talvez devêssemos recuar à década de 80 para resgatar projetos que a onda neoliberal varreu do cenário acadêmico-político dos anos subseqüentes. O mais caro, sem dúvida, seria a retomada das discussões em torno de uma Nova Ordem Informativa. Mesmo levando-se em conta a mudança radical da configuração geopolítica existente à época e o surgimento de novas meios de produção, difusão e intercâmbio de dados, a atualidade do relatório produzido, em 1980, pela Comissão Internacional para o Estudo dos Problemas da Comunicação (a Unesco sediou os debates) é inconteste. Como não deixar de referendar as palavras do presidente da comissão, Sean MacBride, no prólogo do relatório?"
Gostaria de parafrasear H. G. Wells e dizer que a história humana se transforma cada vez mais numa corrida entre a comunicação e a catástrofe. O emprego total da comunicação é vital para assegurar que a humanidade venha a ter mais história (...) do que nossos filhos tenham futuro" (Um mundo e muitas vozes)" É uma agenda inadiável.

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terça-feira, 9 de setembro de 2008

Aquecimento global e agricultura brasileira

O relatório do Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas (IPCC, 2001) e a nova versão de 2007 (IPCC, 2007) consideram que, mantendo-se as taxas atuais de emissão de CO2 e de outros gazes que causam o efeito estufa, ao final do século XXI a temperatura média do planeta terá acréscimos extremos que poderão chegar entre 1,1C a 6,4C acima da média observada em 1990. As chuvas deverão ficar cerca e 15% mais elevadas do que as observadas no mesmo período. No Brasil, cerca de 30% do Produto Interno Bruto se deve à atividade do agronegócio e, portanto, qualquer variação nas condições ambientais pode alterar a produtividade das plantas e conseqüentemente a economia do país.Um programa de zoneamento de riscos agrícolas para a agricultura Brasileira que vem sendo desenvolvido pelo governo federal desde 1995 teve como objetivo a obtenção de máxima produtividade para as principais culturas econômicas do país, entre elas o café, arroz, feijão, milho, soja e soja.

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sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Os 70 anos de Vidas Secas

A maior obra do regionalismo nordestino do século XX se mantém viva por: João Paulo da Silva, de Maceió (AL)

"Na planície avermelhada, os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente, andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da caatinga rala.
Assim começa o romance que conta a história de cinco personagens na luta pela sobrevivência. Fabiano, Sinhá Vitória, menino mais velho, menino mais novo e a cadela Baleia são cinco almas que se confundem com milhares de tantas outras espalhadas pelo Nordeste brasileiro. Um importante objetivo os une: fugir da estiagem em busca de sustento. Em 2008, Vidas Secas, do escritor alagoano Graciliano Ramos, completa 70 anos de sua primeira edição. A narrativa alcançou tanto prestígio que chegou a ser traduzida para francês, inglês, italiano, russo, tcheco, polonês, alemão, espanhol, húngaro, búlgaro, romeno, finlandês e holandês. A força da obra conferiu a Graciliano reconhecimento internacional, seja pela abordagem sociopolítica, seja pela profundidade psicológica. Em 1963, o romance ganhou uma excelente adaptação para o cinema, assinada pelo diretor Nelson Pereira dos Santos.
Vidas Secas mostra uma história que continua latejando na literatura brasileira, como uma ferida aberta pela miséria e pela seca no sertão nordestino.

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