domingo, 29 de agosto de 2010

Matriz disciplinar ou novo paradigma para o desenvolvimento rural sustentável

Por:
Francisco Roberto Caporal
José Antônio Costabeber
Gervásio Paulus

Este artigo aborda a Agroecologia como uma ciência que pretende contribuir para o manejo e desenho de agroecossistemas sustentáveis, em perspectiva de análise multidimensional (econômica, social, ambiental, cultural, política e ética). Entendida a partir de seu enfoque teórico e metodológico próprio e com a contribuição de diversas disciplinas científicas, a ciência Agroecológica passa a constituir uma matriz disciplinar integradora de saberes, conhecimentos e experiências de distintos atores sociais, dando suporte à emergência de um novo paradigma de desenvolvimento rural. Entretanto, na caminhada em direção ao desenvolvimento rural sustentável é necessário um conjunto de inovações tecnológicas, bem como novas abordagens dos problemas agrários contemporâneos, entendendo que não haverá agricultura ou desenvolvimento rural em base sustentável a margem de uma sociedade igualmente sustentável. Na perspectiva de análise adotada,  a diversidade sociocultural e ecológica aparece como um componente fundamental e nunca dissociável da incorporação de estratégias de ação apoiadas em metodologias participativas, elementos estes tão caros ao enfoque agroecológico.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

METODOLOGIA PARA ANÁLISE ECONÔMICA EM SISTEMAS AGROECOLÓGICOS

Fonte: EMBRAPA AGROBIOLOGIA
A preocupação surgida nos últimos anos quanto à dependência da agricultura convencional aos fertilizantes químicos e agrotóxicos, o uso abusivo e desperdício destes, têm levado a esforços para criar tecnologias para substituir o atual sistema de produção. 
O interesse crescente em sistemas sustentáveis de produção, reflete uma consciência compartilhada por muitas pessoas nas áreas urbana e rural, de que uma agricultura ecologicamente sustentável, socialmente justa, culturalmente aceita e economicamente viável, deve substituir este modelo atual, baseado no uso intensivo e desperdício de insumos e que vem acarretando impactos negativos ao meio ambiente e à saúde humana. 
Neste sistema tem-se buscado o uso racional dos recursos disponíveis, com o objetivo de obter: (1) auto-suficiência em nitrogênio através da fixação biológica; (2) máxima ciclagem de nutrientes através de rotação e diversificação de culturas, redução de perdas por percolação e erosão e integração com a produção animal e silvicultura, (3) Importação através de fontes locais ou alternativas, dos nutrientes necessários para balancear as perdas inevitáveis a fim de manter o equilíbrio nutricional das plantas e animais, de modo que seus mecanismos de defesa não sejam alterados e possam se manifestar. Outro objetivo é a de realizar através de pesquisadores de áreas específicas (solos, fitotecnia, botânica, fitossanidade, sanidade animal, economia, etc.) monitoramento científico que visa a propriedade como um todo. 

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Como fazer uma denúncia

Folha Online
O Ibama (Instituto Brasileiros do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) é o órgão do governo federal responsável pela execução, controle e fiscalização ambiental. Também responde pela integridade das áreas de preservação permanentes e de reservas legais, além de promover o acesso e o uso sustentado dos recursos naturais e muitas outras ações voltadas à conservação do ambiente.
As irregularidades podem ser denunciadas diretamente ao Ibama, por meio da Linha Verde. A ligação é gratuita: 0800 61 8080. Também é possível enviar denúncias por e-mail para linhaverde.sede@ibama.gov.br.
Se a situação envolver a compra, venda ou transporte ilegal de animais silvestres brasileiros, a denúncia pode ser feita à Renctas (Rede Nacional Contra o Tráfico de Animais Silvestres). Para mais informações sobre animais venenosos ou peçonhentos, o contato é o Instituto Butantã, no telefone 0/xx/11/3726-7222.

CLIQUE AQUI ( veja telefone de organizações que podem ajudar ou orientar sua denúncia )

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Carro é movido a esgoto tratado ???

SÃO PAULO – O primeiro carro do Reino Unido movido a dejetos humanos tratados saiu para um passeio pelas ruas de Bristol. O Bio-Bug é um modelo New Beetle conversível, da Volkswagen, adaptado para funcionar com o gás metano gerado durante o tratamento de esgoto.
A performance do veículo é exatamente igual a de um carro normal. Ele foi desenvolvido pela empresa GENeco e teve apoio da Wessex Water, responsável pela construção da estação de recolhimento e tratamento do biogás. 

Segundo os cálculos dos criadores, com a descarga de apenas 70 casas na cidade de Bristol, foi possível captar material o suficiente para abastecer o carro por um ano – tomando como base 16 mil km rodados ao ano.

O biogás é gerado por meio de digestão anaeróbia do esgoto, um processo no qual bactérias, na ausência de oxigênio, quebram os dejetos produzindo metano. Para que o combustível não afete o desempenho do veículo, é necessário tratar o gás antes – um processo chamado literalmente de “upgrading” do biogás, que envolve a separação do CO2 por meio de equipamentos especiais.

Apesar de um possível rejeição inicial das pessoas em relação a este tipo de combustível, os criadores do carro consideram a tecnologia bastante promissora. As instalações na cidade geram, por ano, 18 milhões de m3 de biogás produzido a partir do esgoto. Se todo esse material produzido fosse utilizado para abastecer carros, evitaria a emissão de 19 mil toneladas de CO2. 

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Nordeste sofre com mudanças climáticas

O primeiro quadrimestre de 2010 foi o mais quente já registrado, de acordo com dados de satélite da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), dos Estados Unidos.
No Brasil, a situação não foi diferente. Entre 1980 e 2005, as temperaturas máximas medidas no Estado de Pernambuco, por exemplo, subiram 3ºC. Modelos climáticos apontam que, nesse ritmo, o número de dias ininterruptos de estiagem irá aumentar e envolver uma faixa que vai do norte do Nordeste do país até o Amapá, na região Amazônica.
Os dados foram apresentados pelo pesquisador Paulo Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), durante a 62ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) que começou no domingo (25) e vai até a sexta-feira (30), em Natal, no campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Além da expansão da seca, o pesquisador frisou que o Nordeste deverá sofrer também com as alterações nos oceanos, cujos níveis vêm subindo devido ao aumento da temperatura do planeta. Isso ocorre não somente pelo derretimento das geleiras, mas também devido à expansão natural da água quando aquecida.

Cidades que possuem relevos mais baixos, como Recife (PE), sentirão mais o aumento do nível dos oceanos. E Nobre alerta que a capital pernambucana já está sofrendo as alterações no clima. “Com o aumento do volume de chuva, Recife tem inundado com mais facilidade, pois não possui uma rede de drenagem pluvial adequada para um volume maior”, disse.

Um dos grandes obstáculos ao desenvolvimento da região Nordeste seria a constante associação entre seca e pobreza. A pobreza, segundo o pesquisador, vem de atividades não apropriadas ao clima local e que vêm sendo praticadas ao longo dos anos na região. Plantações de milho e feijão e outras culturas praticadas no Nordeste não são bem-sucedidas por não serem adequadas à caatinga, segundo Nobre.

“A agricultura de subsistência é difícil hoje e ficará inviável em breve. Para que o sertanejo prospere, teremos que mudar sua atividade econômica”, disse.

O cientista citou um estudo feito na Universidade Federal de Minas Gerais e na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que indicou que o desemprego no Nordeste tenderá a aumentar caso as atividades econômicas praticadas no interior continuem.
Nobre sugere a instalação de usinas de energia solar como alternativa. “A Europa está investindo US$ 495 bilhões em produção de energia captada de raios solares a partir do deserto do Saara, no norte da África. O mercado de energia solar tem o Brasil como um de seus potenciais produtores devido à sua localização geográfica e clima, e o Nordeste é a região mais adequada a receber essas usinas”, indicou.

“Ficar sem chuva durante longos períodos é motivo de comemoração para um produtor de energia solar”, disse Nobre, que ressaltou a importância dessa fonte energética na mitigação do aquecimento, pois, além de não liberar carbono, ainda economiza custos de transmissão por ser produzida localmente.

Mais eventos extremos

O potencial do Nordeste para a geração de energia eólica também foi destacado pelo pesquisador do Inpe. Devido aos ventos alísios que sopram do oceano Atlântico, o Nordeste tem em seu litoral um constante fluxo de vento que poderia alimentar uma vasta rede de turbinas.

Além da economia, Nobre chamou a atenção para as atividades que visam a mitigar os efeitos das mudanças climáticas, que seriam importantes também para o Nordeste. “Os efeitos dessas mudanças são locais e cada lugar as sofre de um modo diferente”, disse.

Um dos efeitos dessas alterações é o aumento dos eventos extremos como tempestades, furacões e tsunamis. Em Pernambuco, as chuvas de volume superior a 100 milímetros em um período de 24 horas aumentaram em quantidade nos últimos anos.

“Isso é terrível, pois as culturas agrícolas precisam de uma precipitação regular. Uma chuva intensa e rápida leva os nutrientes da terra, não alimenta os aquíferos e ainda provoca assoreamento dos rios, reduzindo ainda mais a capacidade de armazenamento dos açudes”, disse.

Nobre propõe que os governos dos Estados do Nordeste poderiam empregar ex-agricultores sertanejos em projetos de reflorestamento da caatinga com espécies nativas. A reconstrução dessa vegetação e das matas ciliares ajudaria a proteger o ecossistema das alterações climáticas e ainda contribuiria para mitigá-las.

O cientista defendeu também o acesso à educação de qualidade a toda a população, uma vez que a porção mais afetada é aquela que menos tem acesso a recursos financeiros e educacionais.

A implantação de uma indústria de fruticultura para exportação é outra sugestão de Nobre para preparar o Nordeste para as mudanças no clima e que poderia fortalecer a sua economia.

“A relação seca-pobreza é um ciclo vicioso de escravidão e que precisa ser rompido. Isso se manterá enquanto nossas crianças não souberem ler, não aprenderem inglês ou não conseguirem programar um celular, por exemplo”, disse.