segunda-feira, 12 de março de 2007

Projeto Alagoano Propõe Mudanças em Busca de Sustentabilidade do Território Sertanejo


Há séculos a indústria da seca vem aproveitando-se do nosso Nordeste. Em condições climáticas de baixa pluviometria, característica limitante ao cultivo agrícola; milhões de nordestinos sofrem com a escassez de água.

Políticas públicas ineficientes e tecnologias inadequadas fazem parte do joguete dessa indústria, causando desastres ambientais (desertificação, assoreamento de rios, extinção de nascentes pelo desmatamento das matas ciliares etc.) e desarticulação entre as comunidades remanescentes que se constituem em um grande contingente de pessoas analfabetas que por falta de opção sujeitam-se a tais atrocidades.

Visando solucionar problemas de tal natureza o Movimento Minha Terra – MMT, junto a movimentos sociais organizados, e o Grupo Agroecológico Craibeiras – GAC, vem impulsionando trabalhos na Região do Médio Sertão alagoano. Cursos, treinamentos, palestras, troca de experiências, reuniões entre representantes sociais (líderes comunitários, secretários de agricultura e outros) e pesquisas etnoecológicas vem sendo o foco do projeto em andamento.

O projeto “Transição agroecológica como estratégia para o manejo da caatinga: capacitação e articulação comunitária”; mobiliza 18 comunidades localizadas nos municípios, Carneiros, Dois Riachos, Maravilha, Ouro Branco, Olivença, Poço das Trincheiras, São José da Tapera, Santana do Ipanema e Senador Rui Palmeira; tem como objetivo principal, a coleta de informações de 36 práticas e manejos agroecológicos encontrados nas visitas às propriedades dos agricultores cadastrados e elaborar um material gráfico na forma de cartilha, o que poderá possibilitar uma agricultura moldada em princípios que possam levar à uma sustentabilidade do bioma caatinga.

Para aplicação dos questionários etnoecológicos, foram convidados estudantes dos cursos de agronomia e zootecnia da Unidade Acadêmica Centro de Ciências Agrárias – U. A. CECA, que fazem parte do GAC. Cada Participante é locado na casa de um agricultor, convivendo com a família e vivenciando suas necessidades por 3 dias, não interferindo no meio cultural e na forma de condução das tarefas agropecuárias dos produtores.

O produto das observações oriundas do período de convivência será parte integrante de um relatório contendo as principais práticas que possam ser inseridas em um sistema manejo agropecuário sustentável e de baixo empacto à biodiversidade da regiõa.

Espera-se que esse projeto seja impulsão de um reflexo voluntário da ação conjunta de novos órgãos governamentais e não governamentais. Com certeza os documentos originados desse projeto podem servir de base para construção de uma nova novela. Onde os atores não serão mais figurantes da grande industria da seca, mas sim protagonistas de um futuro melhor.

Wellington Costa, estudante de agronomia da U. A. CECA e membro do GAC.

“... preferimos morrer em pé que vivermos ajoelhados...”