sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Agroecologia faz de assentamento modelo de sustentabilidade

Texto e Fotos por Mauricio Monteiro Filho

No meio da paisagem monótona do epicentro canavieiro do Brasil - a região de Ribeirão Preto, Nordeste do estado de São Paulo -, o assentamento Sepé Tiarajú, localizado no município de Serra Azul (SP), lembra um oásis de diversidade. Cravado entre lavouras de cana-de-açúcar, o terreno, que é o primeiro Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) paulista, está se tornando um modelo viável de produção alternativa à monocultura e um exemplo de reforma agrária bem-sucedida. Isso se tornou possível graças à opção do PDS pelo uso dos sistemas agroflorestais (SAFs).
Agnaldo cobriu seu viveiro para
proteger as mudas do sol fort

Os SAFs são formas de cultivo que associam árvores com espécies frutíferas e lavouras anuais, com ou sem a presença de animais. Na prática, permitem um ganho de diversidade em relação à monocultura, uma vez que mesmo lotes menores passam a gerar vários tipos de produtos e se tornam fontes de renda sustentáveis para pequenos e médios lavradores. Outra vantagem é que os SAFs não exigem o uso de insumos químicos e nem desmatamento, já que podem aproveitar a cobertura vegetal já existente.

Agnaldo Vicente de Lima, presidente da Associação Agroecológica Sepé Tiarajú (Agrosepé), que representa os assentados, é o produtor que há mais tempo implantou o SAF em seu lote. "Essa é uma bagunça que dá vida à terra", diz ele, referindo-se à aparente desordem de sua lavoura. Na área sob cuidados de
Agnaldo, há exemplares nativos dos mais diversos ecossistemas brasileiros: Cerrado, Amazônia, Mata Atlântica... E a lista das espécies que ele mesmo plantou a partir de mudas doadas, ou produzidas por ele mesmo no viveiro que mantém em seu lote, é infinitamente maior: açaí, manga, acerola, caju, coco-anão, flamboyant, milho, mandioca, abóbora...
Entre essas, há preciosidades que Agnaldo destaca com orgulho. "Tenho até jaracatiá, uma árvore que está quase extinta na Mata Atlântica", conta. A boa adaptação de todas essas espécies a suas terras, mesmo com a seca e o sol forte que castigaram sua plantação durante este ano, deixa Agnaldo otimista: "Agora, quero plantar araucárias".


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